quinta-feira, 27 de julho de 2017

Mercado de orgânicos pode ser estratégico para o Brasil

Os dois principais consumidores de alimentos livres de agrotóxicos produzem 33% dos produtos consumidos em um mercado que movimenta cerca de US$ 43,3 bilhões nos Estados Unidos e US$ 31,1 bilhões na Europa, com destaque para hortaliças, frutas, alimentos para bebês e substitutos da carne. Os dados, de 2015, são de duas instituições europeias: FiBL (Research Institute of Organic Agriculture) e IFOAM (International Federation pf Organic Agriculture Movements).

“O Brasil tem reconhecida competência técnica e forte participação nos mercados internacionais de soja e milho convencionais. Em se tratando de orgânicos, se superados os gargalos de produção, poderíamos assumir uma posição de protagonismo no cenário mundial”, descreve Carlos Thomaz Lopes, sócio-gerente da empresa Grãos Orgânicos, licenciada da Embrapa para a produção da cultivar de milho BRS Caimbé.

No Brasil, segundo dados do Centro de Inteligência em Orgânicos, da SNA (Sociedade Nacional de Agricultura), a área plantada com orgânicos chega a 750 mil hectares, sendo que o País ocupa a 12ª posição entre os principais produtores e a quinta posição entre os países emergentes, atrás de Uruguai e Argentina. “Estima-se que o mercado apresenta crescimento de 20% ao ano. Hoje são 11.800 produtores certificados e as vendas totais chegaram a R$ 2,5 bilhões em 2016”, apresenta Thomaz.

Em se tratando de milho, o empresário afirma que a área plantada estimada está em 3.300 hectares, o que representa apenas 0,018% das lavouras ocupadas pelo cereal no País. “Nos Estados Unidos, essa relação é 10 vezes maior. No Brasil, o avanço da produção de grãos orgânicos ainda enfrenta resistência por receio dos produtores em relação à conversão da produção convencional para o modelo orgânico”, explica.

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A produção orgânica é normatizada por Lei Federal (Instrução Normativa Nº 46 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Segundo Rogério Dias, coordenador de Agroecologia do Mapa, a carência de cultivares apropriadas para o sistema orgânico de produção é o maior problema enfrentado pelos agentes que atuam na cadeia de orgânicos. “Temos que fortalecer instituições que trabalham com melhoramento, já que existe a necessidade de adaptação das sementes em nível regional, e motivar agricultores que queiram ser multiplicadores dos materiais dentro do sistema orgânico. É uma questão estratégica, de segurança nacional”, explica.

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