quarta-feira, 18 de abril de 2018

Planta nativa do Cerrado pode ajudar na recomposição do bioma

Estudos realizados pela Embrapa Milho e Sorgo (MG) mostram que a Cratylia argentea, leguminosa arbustiva popularmente conhecida como camaratuba, apresenta grande potencial para a restauração da fertilidade do solo do Cerrado, ofertando serviços ambientais aos sistemas produtivos agroecológicos e reagindo bem a fatores abióticos, como o fogo e a estiagem, e também a fatores bióticos, como ao ataque de formigas. Estima-se que metade dos mais de dois milhões de quilômetros quadrados do Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul, já tenha sido modificada pela ação humana. Números do Ministério do Meio Ambiente revelam que a perda anual de cobertura vegetal chega a nove mil quilômetros quadrados.

“Podemos caracterizar a Cratylia argentea como uma ‘ilha de biodiversidade’ por hospedar ao longo de todo o ano muitos artrópodes e seus agentes de controle biológico. Sua presença em sistemas de transição agroecológica pode também favorecer o repovoamento de áreas em transição e degradadas do Cerrado com a dispersão desses agentes para o seu entorno”, enumera o pesquisador da Embrapa Walter Matrangolo, que coordena os estudos.

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A espécie também tem demonstrado grande potencial para a suplementação alimentar do gado na estação seca. Seu valor nutritivo, segundo Matrangolo, é superior ao da maioria das outras leguminosas arbustivas adaptadas aos solos ácidos. “A cratília tem utilidade em sistemas de produção como fonte de proteína para ruminantes principalmente durante a estação seca, seja na forma de forragem fresca, silagem seja em sistemas de pastejo direto. Essa leguminosa tem mostrado ainda muitas vantagens, como alta retenção foliar e boa capacidade de rebrota durante a época de estiagem, uma das suas principais características.”

Estudos preliminares realizados pela Embrapa Milho e Sorgo relacionados à oferta de serviços ambientais da cratília aos sistemas agroecológicos revelam ainda que a planta tem potencial para favorecer a população de agentes de controle biológico de insetos fitófagos, como a lagarta-do-cartucho, a principal praga do milho, e fornecer alimento para abelhas no período da seca, quando está em florescimento – entre os meses de abril e setembro.

 

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