quinta-feira, 17 de março de 2022

Sementes crioulas: verdadeiros patrimônios genéticos

Agricultoras e agricultores familiares de todo Brasil contribuem de diversas maneiras para a preservação da agrobiodiversidade. Uma das principais formas de se fazer isso é selecionar, guardar e compartilhar as sementes crioulas, que são aquelas repassadas de geração em geração. Com esse trabalho, tais sementes se tornam cada vez mais adaptadas aos seus locais de origem, o que é importante para a diversidade alimentar e o meio ambiente.


Uma das estratégias de preservação das sementes crioulas são as Casas ou Bancos de Sementes. Nesses locais, diversas variedades são manejadas por guardiãs e guardiões da agrobiodiversidade, que as catalogam, trocam e restituem tais espaços coletivos de armazenamento com novas sementes crioulas oriundas de suas plantações

quarta-feira, 7 de julho de 2021

A importância das feiras orgânicas e agroecológicas em todo o Brasil

Caminhando lado a lado com o movimento agroecológico desde a década de 1980, as feiras da agricultura familiar com alimentos orgânicos e agroecológicos vêm se alastrando por todo o país e cumprindo um papel essencial na segurança alimentar e nutricional da população. Embora a pandemia tenha paralisado muitas delas, é necessário destacar seu papel fundamental num cenário de aumento de desemprego e fome no território nacional.

Diversos órgãos internacionais, como o Banco Mundial e a FAO/ONU, têm alertado sobre o retorno do Brasil ao mapa da fome. Já havia uma preocupação por parte de especialistas, devido ao desmonte de políticas públicas nos últimos anos, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que promoviam a segurança alimentar e nutricional da população. Mas, com a pandemia, o assunto se tornou mais grave. Frente ao cenário de aumento dos preços dos alimentos e de crescente desemprego, a agricultura familiar se revelou ainda mais importante, sobretudo para as camadas mais pobres da sociedade.

Histórico das Feiras Agroecológicas

O fenômeno integra diferentes denominações, como feiras orgânicas, ecológicas ou agroecológicas, segundo Laércio Meirelles, integrante do núcleo executivo da ANA e autor de livros sobre o tema. Apesar das suas singularidades nos estados e cidades do País, elas se multiplicam numa velocidade muito grande em todo território nacional, explica o pesquisador. Não estão mais restritas às organizações pioneiras e existem vários pólos históricos, como em Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Manaus (AM), Fortaleza (CE), Belém (PA), Recife (PE), dentre outros.

 De acordo com o Mapa das Feiras Orgânicas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), existem no Brasil 846 feiras orgânicas ou agroecológicas, 50 comércios e 74 grupos de consumo responsável.

  “Do ponto de vista político, as feiras são espaços privilegiados de exposição da nossa proposta. Envolvem não só produção, mas também canais curtos de comercialização na perspectiva geográfica, aproximando agricultores de consumidores. Tudo isso de uma maneira mais autônoma, aproximando essas pontas que passam a compartilhar ideias e ideais”.


quinta-feira, 18 de junho de 2020

Agroecologia - Conceitos

O que é Agroecologia?

É uma ciência que fornece os princípios ecológicos básicos para o estudo e tratamento de ecossistemas tanto produtivos quanto preservadores dos recursos naturais, e que sejam culturalmente sensíveis, socialmente justos e economicamente viáveis, proporcionando assim, um agroecossistema sustentável. A abordagem agroecológica da produção busca desenvolver agroecossistemas com uma dependência mínima de insumos agroquímicos e energéticos externos.


Quais são os princípios básicos da Agroecologia?

1. Conservar e ampliar a biodiversidade dos ecossistemas tendo em vista o estabelecimento de numerosas interações entre solo, plantas e animais, ampliando a auto-regulação do agroecossistema da propriedade.

2. Assegurar as condições de vida do solo que permitam a manutenção de sua fertilidade e o desenvolvimento saudável das plantas, por meio de práticas como:

Cobertura permanente do solo (viva ou mülching)

Adubação verde,

Proteção contra os ventos,

Práticas de conservação do solo (controle da erosão),

Rotação de culturas,

Consorciação de culturas,

Cultivo em faixas, entre outras.


Agroecologia e Agricultura Sustentável - Secretaria da Agricultura ...

3. Usar espécies ou variedades adaptadas às condições locais de solo e clima, minimizando exigências externas para um bom desenvolvimento da cultura.

 4. Assegurar uma produção sustentável das culturas sem utilizar insumos químicos que possam degradar o ambiente, fazendo uso da adubação orgânica, de produtos minerais pouco solúveis (fosfato de rocha, calcário, pó de rocha, etc) e de um manejo fitossanitário que integre as práticas culturais, mecânicas e biológicas para o controle de pragas e doenças.

 5. Diversificar as atividades econômicas da propriedade, buscando a integração entre elas para maximizar a utilização dos recursos endógenos e assim diminuir a aquisição de insumos externos à propriedade.

 6. Favorecer a auto-gestão da comunidade produtora respeitando sua cultura e estimulando sua dinâmica social.

 

 Existe alguma linha de crédito para apoiar a transição agroecológica?

Sim, o PRONAF AGROECOLOGIA: crédito para unidades familiares de produção que desejam ingressar na produção orgânica ou iniciar a transição agroecológica da propriedade. Mais informações no site do Ministério do Desenvolvimento Agrário -  www.mda.gov.br ou na Casa da Agricultura de seu município.


terça-feira, 16 de junho de 2020

Cresce percentual de orgânicos nas compras do Programa de Aquisição de Alimentos

O percentual de participação dos orgânicos nas aquisições do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) triplicou nos últimos cinco anos. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no ano passado, 6% dos alimentos adquiridos pelo programa eram orgânicos. Em 2013, esse índice era de 2,2%.

De 2013 a 2018, foram adquiridos por meio do PAA cerca de 11,6 mil toneladas de produtos orgânicos, somando quase R$ 30 milhões. Quando se considera todo o volume comercializado pelo programa desde 2013, a participação dos orgânicos ainda fica em torno de 2,5%.

A ampliação anual da compra de produtos orgânicos é uma das metas previstas no Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), em vigor desde 2016. No âmbito do PAA, o plano tinha o objetivo de garantir, até 2019, que pelo menos 5% dos recursos aplicados anualmente pelo PAA fossem para alimentos orgânicos, da sociobiodiversidade e de base agroecológica.

 Segundo o Gerente de Programação Operacional da Agricultura Familiar da Conab, Tiago Horta, o PAA tem priorizado, principalmente nos últimos três anos, a compra de produtos orgânicos e isso tem estimulado que os agricultores convertam a produção de convencional para orgânica.

 “Em valores relativos, a tendência é de aumento da participação dos orgânicos devido aos critérios de priorização do PAA.  Os orgânicos estão entre os requisitos que pontuam mais para os produtores, assim como ser mulher, quilombola ou assentado, por exemplo”, explicou Horta.



segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Lei da Agricultura Familiar


A Lei 11.326, de 2006, conhecida como Lei da Agricultura Familiar, completou 12 anos.
A lei estabelece os conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das políticas públicas direcionadas à agricultura familiar. Além de definir de forma objetiva o público beneficiário da política nacional da agricultura familiar e qualificar os empreendimentos familiares rurais.

Para a gerente comercial da Fazenda Bacuri, localizada em Augusto Corrêa (PA), Hortência Osaqui, 51 anos, a Lei da Agricultura Familiar é extremamente importante para a valorização da família agrícola. “Essa lei veio favorecer os produtores não apenas através de financiamento, mas de mercado. Uma afirmação de identidade. Entretanto, ainda precisamos avançar muito na Região Norte.  Mas o que tenho observado são os produtores, aquicultores e pescadores artesanais que começaram a se sentir valorizados e amparados pela Lei da Agricultura Familiar. ”

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Gabriel dos Santos Oliveira, 25, filho de agricultores familiares, é produtor e vendedor de mudas frutíferas do Viveiro Oliveira, situado no núcleo rural Santos Dumont em Planaltina (DF). Para o produtor a Lei da Agricultura Familiar é um avanço para o meio rural. “A Lei da Agricultura Familiar é de extrema importância para nós produtores, através desse reconhecimento temos uma estrutura que não imaginávamos ter. Com isso, a sociedade ganha mais qualidade de vida, além de ser uma demonstração de reconhecimento da importância da agricultura familiar para o país”, conclui.

Carolina Gama e Gabriela Morais, estagiária sob supervisão da Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
Contatos: (61) 2020-0120 e imprensa@mda.gov.br

domingo, 29 de julho de 2018

Mulheres agricultoras de Caraúbas (RN) são exemplos de superação e sucesso na Agroecologia

Cinco mulheres e uma terra. Cinco histórias de vida que foram entrelaçadas pela luta na criação dos filhos e filhas, no sustento da família e no empoderamento feminino que se consolidou após a derrubada de muitas barreiras. Cinco exemplos de superação que a Agroecologia reuniu num único lugar, no Assentamento São José, município de Caraúbas, sertão do Rio Grande do Norte.

Estamos falando de Alessanda Farias, Maria do Socorro (Corrinha), Damiana Veríssimo, Maria das Dores Veríssimo e Josilene Ferreira. Há oito anos, elas administram com maestria quase 100 metros quadrados de terra. Lá, elas cultivam quase tudo. O solo fértil produz batata, macaxeira, cheiro verde, alface, berinjela, hortaliças em geral; frutas como caju, acerola, maracujá, mamão, morango; e plantas medicinais a exemplo da hortelã, mastruz, malva risco, dipirona, entre outras. Contudo, para que elas chegassem ao sucesso de hoje, o caminho foi árduo. “Esse pedaço de terra foi adquirido pelo meu irmão e marido há muitos anos. Foram eles que deram início a uma hortinha para garantir nossa sobrevivência com o que a terra dava. Nós íamos buscar água no açude com baldes e latas carregados nas nossas cabeças para aguar a plantação. Hoje temos essa lindeza”, disse Alessandra. Damiana Veríssimo acrescenta. “Desde 2010 estamos tomando conta dessa horta. Me sinto feliz por trabalhar, vender nossos produtos na feira agroecológica de Caraúbas e dividir com meu marido nas despesas da casa de igual para igual”. Assim como Alessandra e Damiana, Corrinha e Maria das Dores também trabalham no local. “Chegamos aqui bem cedinho e no final da tarde para arar a terra, colher os produtos para levar para casa e para a feira, e também para plantar mais”, disse Maria das Dores. Corrinha acrescenta: “Somos felizes aqui. Somos guerreiras e a nossa união irá nos levar muito longe”. Elas formaram o grupo de mulheres “Unidas pela Paz”.



Além da horta, as agricultoras ainda mantêm uma cozinha que foi construída na comunidade para a fabricação de doces e salgados. Quem comanda o espaço é Josilene Ferreira, que se afastou da horta para se dedicar exclusivamente à cozinha. “Aqui nós fazemos bolo de macaxeira, mamão, batata, biscoitos, doces e salgados em geral. Levamos esses produtos para serem vendidos na feira de Caraúbas e até aceitamos encomendas”, disse.

Superação – De acordo com as agricultoras, depois da chegada da Diaconia no assentamento, a vida delas mudou significativamente. “Recebemos orientações importantes sobre nosso trabalho por meio dos técnicos e técnicas que também nos trouxeram equipamentos como os da irrigação para nos ajudar na produção e colheita”, disse Damiana. Contudo, a parceria vai além do material. Está nas relações pessoais que foram estabelecidas. E quem exemplifica bem essa relação é Alessandra. Sua história de vida não foi fácil. A agricultora perdeu o marido que morreu eletrocutado no açude que abastece a produção. Dois anos depois, o irmão que originou tudo também se foi. “Entrei numa depressão profunda. Não sabia mais o que fazer da minha vida. Perdi a vontade de trabalhar na horta, cuidar dos filhos, perdi até a vontade de viver. Me vi tendo que caminhar sozinha e não tinha forças para isso. Ter conhecido o pessoal da Diaconia me ajudou a superar uma crise muito séria. Os técnicos e técnicas são pessoas humanas, muito inteligentes e profissionais. Hoje estou participando de feiras, congressos, encontros, eventos que eu nunca imaginei participar e que estão me mostrando o quanto somos capazes de sermos o que a gente quiser ser”, vibrou.

Damiana também tem histórias para contar. “Meu marido nunca gostou desse meu serviço. Mas eu sou batalhadora e não dei atenção para as besteiras que falava. Hoje eu tenho o mesmo peso que ele dentro da nossa casa. E crio todos os meus filhos mostrando que nós, mulheres, estamos de igual para igual com os homens”.

Via: Tádzio Estevam (Assessor de Comunicação da Diaconia)
Blog: O Câmera

terça-feira, 12 de junho de 2018

Agricultura familiar do Brasil é 8ª maior produtora de alimentos do mundo

Levantamento feito pelo portal Governo do Brasil mostra que a agricultura familiar tem um peso importante para a economia brasileira. Com um faturamento anual de US$ 55,2 bilhões, caso o País tivesse só a produção familiar, ainda assim estaria no top 10 do agronegócio mundial, entre os maiores produtores de alimentos.

Os dados fazem parte de uma comparação entre dados do Banco Mundial e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Quando se soma a agricultura familiar com toda a produção, o Brasil passa de oitavo maior para a quinta posição, com faturamento de US$ 84,6 bi por ano. “O crescimento do Brasil passa pela agricultura familiar. O agricultor familiar tem grande importância para o crescimento do Brasil”, afirma o secretário da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, Jefferson Coriteac.

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De acordo com o último Censo Agropecuário, a agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Além disso, é responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do País e por mais de 70% dos brasileiros ocupados no campo.

Peso da agricultura familiar na produção

A agricultura familiar ainda produz 70% do feijão nacional, 34% do arroz, 87% da mandioca, 46% do milho, 38% do café e 21% do trigo. O setor também é responsável por 60% da produção de leite e por 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos.

Coriteac explica que 84% dos estabelecimentos rurais são de agricultores familiares. “E pelo novo censo agropecuário que está sendo feito, a tendência é esse número crescer cada vez mais, principalmente com a procura por produtos agroecológicos”, afirma.

O secretário ainda relata que o governo trabalha com uma série de políticas públicas para reduzir o êxodo rural e tornar a produção dessas famílias mais eficiente. Entre elas, uma das mais importantes é da titulação da terra. Com esse título, esses trabalhadores ganham acesso a crédito rural e a programas como os de assistência técnica.

O que é um agricultor familiar
A Lei 11.326/2006 diz que agricultores familiares são aqueles que praticam atividades no meio rural, possuem área de até quatro módulos fiscais, mão de obra da própria família e renda vinculada ao próprio estabelecimento e gerenciamento do estabelecimento ou empreendimento por parentes. Também entram nessa classificação silvicultores, aquicultores, extrativistas, pescadores, indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária.

Fonte: Governo do Brasil, com informações do MDA, do Banco Mundial e do IBGE

Sementes crioulas: verdadeiros patrimônios genéticos

Agricultoras e agricultores familiares de todo Brasil contribuem de diversas maneiras para a preservação da agrobiodiversidade. Uma das prin...