Os gestores de terras ou regiões e os decisores políticos
necessitam de medidas quantitativas em longo prazo dos níveis de rendimento e
dos benefícios dos serviços ecossistêmicos, para subsidiar a tomada de decisões
mais adequadas visando minimizar os impactos ambientais provocados pelo modelo
de agricultura predominante.
Os benefícios de um sistema agroecológico podem não se
manifestar muito rapidamente, enquanto que as práticas agrícolas intensivas
mais tradicionais podem ser produtivas no curto prazo, mas prejudiciais no
longo prazo, como fertilizantes que aumentam imediatamente a disponibilidade de
nitrogênio para as culturas, mas não contribuem para a melhoria do solo.
Para os agricultores, é fácil de entender e lucrar com os
serviços do ecossistema no local, como controle de pragas e doenças nos
cultivos, polinização, melhoria da fertilidade do solo e controle de plantas
espontâneas.
No futuro, será importante reconhecer o papel que os
agricultores desempenham na prestação de serviços ambientais essenciais, que
beneficiam os usuários locais e regionais, além das fronteiras agrícolas.
Estes “benefícios fora das propriedades agrícolas” dão
suporte bens públicos mais amplos, incluindo o aumento da biodiversidade e
provisão de habitats para animais, sequestro e estoque de carbono, controle de
erosão, regulação do fluxo de água e purificação de água.
Assim, são necessárias análises críticas sobre as
metodologias de análises econômicas utilizadas atualmente, pois a maioria não
contempla a multifuncionalidade dos sistemas agrícolas. Se os agricultores
forem “reconhecidos e remunerados” apenas pelo rendimento das culturas
agrícolas, então há um desencorajamento para que continuem investindo na
agroecologia.
Uma maior pressão pública para reduzir os danos ambientais
da agricultura pode ajudar a promover o apoio político para os sistemas de
certificação agroecológica, que contemplem pagamentos por serviços
ecossistêmicos ou incentivos governamentais para a gestão agrícola que aumente
a prestação de serviços ecossistêmicos.
A intensificação agroecológica, quando adequadamente
quantificada e aplicada, pode melhorar o rendimento dos agricultores,
fortalecer os serviços ecossistêmicos que beneficiam dentro e fora das
propriedades agrícolas, ou seja, à toda a sociedade.
Esta medida poderia ser uma maneira de começar atender de
forma especial as crescentes necessidades de produção de alimentos para a nossa
população em expansão, sem impactar negativamente o meio ambiente.
Uma postura importante nesse processo, é reconhecer e apoiar
os conhecimentos tradicionais, construídos, aprimorados e passados de geração a
geração, envolvendo povos indígenas, entre outras populações tradicionais, por
exemplo.
Fonte: Site do Milton Padovan. Confira a matéria na íntegra, acessando o link > http://www.miltonpadovan.com.br/2017/07/17/servicos-ambientais-dentro-e-fora-das-propriedades-agricolas/