quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Feira Agroecológica de Ipubi-PE comemora 10 anos de economia solidária e segurança alimentar e nutricional


 

A insegurança pelo novo é uma característica natural da raça humana, principalmente quando o ato de inovar propõe uma mudança no hábito ou no estilo de vida. Há dez anos, no município de Ipubi, um grupo de seis famílias agricultoras decidiram apostar contra um sistema de produção convencional de alimentos e oferecer à população uma alternativa de alimentação saudável e economicamente solidária, iniciativa que se concretizou na criação da Feira Agroecológica de Ipubi.


“A Associação de Produtores de Frutas da Serra Branca (Apofruta) foi que incialmente convidou o Chapada para a realização de algumas capacitações em agroecologia, convivência com o semiárido, defensivos naturais. Foi quando observamos que lá tinha um potencial grande que não estava sendo explorado e então começamos a prestar assessoria técnica para que as famílias pudessem aumentar e diversificar a produção, pois, na época o foco era somente frutas”, comenta o coordenador de projetos da ONG Chapada, Alexandre Damacena.

Com a produção capaz de atender às necessidade das próprias famílias e com o excedente para comercialização, foi dado início à uma série de reuniões para se discutir efetivamente a criação da feira agroecológica. Em seguida, após se fixar uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), foram realizados cursos sobre gestão de feiras, apresentação de produtos, custo e produção e atendimento ao cliente. Por fim, as famílias instalaram suas barracas próximo à feira livre, onde a prefeitura municipal não cobra dos/as agricultores/as pela permanência das mesmas.

De acordo com uma das fundadoras da Feira Agroecológica de Ipubi, a agricultora Marina Antônia, de 52 anos, no início um dos principais problemas da feira era com relação ao transporte dos produtos, mas que foi superado ao longo dos anos devido ao crescimento, às lutas e às conquistas das famílias. “Alguns já têm carro próprio e as pessoas que não têm conseguem, através do apoio da prefeitura, ter um transporte que leve toda semana nossos produtos até a feira”, comemora a agricultora.

Hoje, após 10 anos, com a consolidação do espaço agroecológico, a feira de Ipubi reuni 10 famílias cuja comercialização, em 2014, movimentou R$ 60.000,00, ou seja, uma média de R$ 500,00 por família/mês. De acordo com a agricultora Lurdes, de 68 anos, o dinheiro que ela ganha na venda de seus produtos é o suficiente para garantir uma estabilidade financeira de sua família. “É da agricultura familiar é que eu tiro o meu alimento e ainda a renda para a minha família. Agradeço muito aos meus clientes pela confiança e fidelidade”, comenta dona Lurdes.

 
No entendimento do coordenador do Chapada, esse local não só garante o desenvolvimento socioeconômico, ecológico e a segurança alimentar das famílias agricultoras e da população, mas também promove a sensibilização e educação dos/as consumidores/as quanto aos processos de produção no campo e à qualidade de vida. “Na feira há uma troca de conhecimentos entre consumidores e produtores, relação resultante da percepção dos impactos causados ao meio ambiente pelos padrões e níveis de consumo”, destaca Alexandre.

Atualmente, uma das ações que contribui também para o fortalecimento da feira é o projeto Venda Certa – Rede Agroecológica do Araripe executado pela ONG Caatinga com apoio da ONG Chapada e da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), além de contar com financiamento da Fundação Banco do Brasil (FBB) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Mais informações acessem :  http://www.asabrasil.org.br/noticias?artigo_id=8867 (ASA - Articulação do Semiárido Brasileiro)

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