A insegurança pelo novo é uma característica natural da raça humana,
principalmente quando o ato de inovar propõe uma mudança no hábito ou no
estilo de vida. Há dez anos, no município de Ipubi, um grupo de seis
famílias agricultoras decidiram apostar contra um sistema de produção
convencional de alimentos e oferecer à população uma alternativa de
alimentação saudável e economicamente solidária, iniciativa que se
concretizou na criação da Feira Agroecológica de Ipubi.
“A Associação de Produtores de Frutas da Serra Branca (Apofruta) foi
que incialmente convidou o Chapada para a realização de algumas
capacitações em agroecologia, convivência com o semiárido, defensivos
naturais. Foi quando observamos que lá tinha um potencial grande que não
estava sendo explorado e então começamos a prestar assessoria técnica
para que as famílias pudessem aumentar e diversificar a produção, pois,
na época o foco era somente frutas”, comenta o coordenador de projetos
da ONG Chapada, Alexandre Damacena.
Com a produção capaz de atender às necessidade das próprias famílias e
com o excedente para comercialização, foi dado início à uma série de
reuniões para se discutir efetivamente a criação da feira agroecológica.
Em seguida, após se fixar uma parceria com o Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), foram realizados cursos
sobre gestão de feiras, apresentação de produtos, custo e produção e
atendimento ao cliente. Por fim, as famílias instalaram suas barracas
próximo à feira livre, onde a prefeitura municipal não cobra dos/as
agricultores/as pela permanência das mesmas.
De acordo com uma das fundadoras da Feira Agroecológica de Ipubi, a
agricultora Marina Antônia, de 52 anos, no início um dos principais
problemas da feira era com relação ao transporte dos produtos, mas que
foi superado ao longo dos anos devido ao crescimento, às lutas e às
conquistas das famílias. “Alguns já têm carro próprio e as pessoas que
não têm conseguem, através do apoio da prefeitura, ter um transporte que
leve toda semana nossos produtos até a feira”, comemora a agricultora.
Hoje, após 10 anos, com a consolidação do espaço agroecológico, a
feira de Ipubi reuni 10 famílias cuja comercialização, em 2014,
movimentou R$ 60.000,00, ou seja, uma média de R$ 500,00 por
família/mês. De acordo com a agricultora Lurdes, de 68 anos, o dinheiro
que ela ganha na venda de seus produtos é o suficiente para garantir uma
estabilidade financeira de sua família. “É da agricultura familiar é
que eu tiro o meu alimento e ainda a renda para a minha família.
Agradeço muito aos meus clientes pela confiança e fidelidade”, comenta
dona Lurdes.
No entendimento do coordenador do Chapada, esse local não só garante o
desenvolvimento socioeconômico, ecológico e a segurança alimentar das
famílias agricultoras e da população, mas também promove a
sensibilização e educação dos/as consumidores/as quanto aos processos de
produção no campo e à qualidade de vida. “Na feira há uma troca de
conhecimentos entre consumidores e produtores, relação resultante da
percepção dos impactos causados ao meio ambiente pelos padrões e níveis
de consumo”, destaca Alexandre.
Atualmente, uma das ações que contribui também para o fortalecimento da
feira é o projeto Venda Certa – Rede Agroecológica do Araripe executado
pela ONG Caatinga com apoio da ONG Chapada e da Articulação Nacional de
Agroecologia (ANA), além de contar com financiamento da Fundação Banco
do Brasil (FBB) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES).
Mais informações acessem : http://www.asabrasil.org.br/noticias?artigo_id=8867 (ASA - Articulação do Semiárido Brasileiro)
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