ÉTICA AMBIENTAL, AGROECOLOGIA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O conceito de sustentabilidade segundo Costabeber e Caporal (2004), é aquele que promove um desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas próprias necessidades.
A
Agroecologia geralmente representa uma abordagem agrícola que incorpora
cuidados especiais relativos ao ambiente, assim como aos problemas
sociais, enfocando não somente a produção, mas também a sustentabilidade
ecológica do sistema de produção.
A Agroecologia oferece, portanto, uma abordagem alternativa, que vai além do uso de insumos alternativos, buscando o desenvolvimento de agroecossistemas integrados e com baixa dependência de insumos externos. A ênfase está no planejamento de sistemas agrícolas complexos onde as interações ecológicas e os sinergismos entre os componentes biológicos substituem os insumos promovendo os mecanismos de sustentação da fertilidade do solo, da produtividade e da proteção das culturas.
A diversificação da produção, que ocorre nas unidades familiares é uma prática de grande importância para a mudança da concepção da agricultura atual. Aliada a diversificação é possível se encontrar alguma atividade voltada à agroecologia. De acordo com SOUZA (2005, p.21):
Sistemas de produção diversificados são mais estáveis porque dificultam a multiplicação excessiva de determinada praga e doença e permitem que haja um melhor equilíbrio ecológico no sistema de produção, por meio da multiplicação de inimigos naturais e de outros organismos benéficos.
Além do mais, segundo Souza (2005), em um estudo das características dos solos em sistema orgânico de produção de 10 anos (1990 a 2000) na Área Experimental de Agricultura Orgânica do INCAPER, verificou que o manejo orgânico dos solos permite melhorar suas características químicas com o passar dos anos, proporcionando bom nível de nutrição das plantas e viabilizando a produção orgânica de alimentos.
Segundo
Costabeber (2002), algumas premissas devem ser observadas quando se
trabalha a partir do enfoque agroecológico. É necessário atender a
requisitos sociais, considerar aspectos culturais, cuidar do meio
ambiente, apoiar o fortalecimento de formas associativistas e de ação
coletiva, contribuir para a obtenção de resultados econômicos e atender a
requisitos éticos. Assim, a agricultura agroecológica passa a ser vista
de uma maneira sistêmica e sustentável.
A
ética ambiental leva em conta a responsabilidade do ser humano com as
gerações futuras, com todos os demais seres vivos inclusive a espécie
humana e com o meio ambiente. A agricultura com base agroecológica é uma
opção de desenvolvimento sustentável, que faz bem ao ser humano, aos
seres vivos e ao meio ambiente.
Caporal
e Costabeber (2002) trazem a idéia de que se tem vinculado a
Agroecologia, à oferta de produtos “limpos”, ecológicos, insentos de
resíduos químicos, em oposição àqueles
característicos da Revolução Verde.
A Agroecologia nos traz a idéia e a
expectativa de uma nova agricultura, capaz de fazer bem aos homens e ao
meio ambiente como um todo, afastando-nos de uma agricultura intensiva
de capital, energia e recursos naturais não-renováveis, agressiva ao
meio ambiente, excludente do ponto de vista social e causadora de
dependência econômica.
A
Agroecologia, segundo Caporal e Costabeber (2002), precisa ser
entendida com um enfoque científico, uma ciência ou um conjunto de
conhecimentos que nos ajuda tanto para a análise crítica da agricultura
convencional, como também para orientar o correto redesenho e o adequado
manejo de agroecossistemas, na perspectiva da sustentabilidade.
O
enfoque agroecológico traz consigo as ferramentas teóricas e
metodológicas que auxiliam a considerar de forma holística e sistêmica,
as seis dimensões da sustentabilidade: a Ecológica, a Econômica, a
Social, a Cultural, a Política e a Ética.
Para
Caporal e Costabeber (2002), uma agricultura que trata apenas de
substituir insumos químicos convencionais, por insumos alternativos,
“ecológicos” ou “orgânicos”, não necessariamente será uma agricultura
ecológica em sentido mais amplo. É preciso ter em mente que a simples
substituição de agroquímicos por adubos orgânicos mal manejados, pode
não ser a solução.
A produção agroecológica desencadeia uma série de
conhecimentos e saberes, do homem aprendendo em harmonia com a natureza. Para
Gliessman (2001), o termo “sustentabilidade”, tem significados
diferentes na bibliografia, mas destaca que todos estão de acordo, que o
termo tem uma base ecológica. No geral a produção sustentável deveria
dar a condição de produção hoje, tendo capacidade de se renovar no
amanhã, sem comprometimento.
Porém
não se pode provar a “sustentabilidade”, pois sua prova está no futuro,
fora do nosso alcance; porém é possível observar quando uma prática
está se afastando da “sustentabilidade”. Isso é notado pela contaminação
da água e do solo, estagnação da produção, pobreza do solo, entre
outras causas.
O conceito de sustentabilidade segundo Costabeber e Caporal (2004), é aquele que promove um desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas próprias necessidades.
Doering
(apud COSTABEBER e CAPORAL, 2004, p.38), diz que a agricultura
sustentável implicaria numa menor utilização de inputs externos e a
introdução de novos métodos de gestão e novos sistemas de cultivo,
privilegiando o melhor aproveitamento e recursos localmente disponíveis.
Esses métodos deveriam exercer uma mínima pressão sobre o meio ambiente
com o objetivo de permitir a manutenção da produtividade em longo
prazo.
Altieri
(apud COSTABEBER e CAPORAL, 2004, p.36), considera que os elementos
decisivos de um agroecossistema sustentável seria a conservação dos
recursos renováveis, a adaptação das espécies cultivadas às condições
ambientais e a conservação de níveis moderados, porém sustentáveis, de
produtividade. Considerando a agricultura sustentável com base ecológica
como aquela que persegue um meio ambiente balanceado, rendimento e
fertilidade do solo sustentáveis e controle natural de pragas, mediante o
desenho de agroecossistemas diversificados e o emprego de tecnologias
auto-sustentáveis.
Gliessman
(apud COSTABEBER e CAPORAL, 2001, p.47), põe em evidência, que a
agricultura do futuro deverá, além de ser sustentável, altamente
produtiva com o fim de proporcionar os alimentos requeridos por uma
população que segue aumentando, estando num duplo desafio hoje,
sustentabilidade e produtividade.
Segundo ALTIERI (2002, p.26):
Segundo ALTIERI (2002, p.26):
A Agroecologia oferece, portanto, uma abordagem alternativa, que vai além do uso de insumos alternativos, buscando o desenvolvimento de agroecossistemas integrados e com baixa dependência de insumos externos. A ênfase está no planejamento de sistemas agrícolas complexos onde as interações ecológicas e os sinergismos entre os componentes biológicos substituem os insumos promovendo os mecanismos de sustentação da fertilidade do solo, da produtividade e da proteção das culturas.
A diversificação da produção, que ocorre nas unidades familiares é uma prática de grande importância para a mudança da concepção da agricultura atual. Aliada a diversificação é possível se encontrar alguma atividade voltada à agroecologia. De acordo com SOUZA (2005, p.21):
Sistemas de produção diversificados são mais estáveis porque dificultam a multiplicação excessiva de determinada praga e doença e permitem que haja um melhor equilíbrio ecológico no sistema de produção, por meio da multiplicação de inimigos naturais e de outros organismos benéficos.
Além do mais, segundo Souza (2005), em um estudo das características dos solos em sistema orgânico de produção de 10 anos (1990 a 2000) na Área Experimental de Agricultura Orgânica do INCAPER, verificou que o manejo orgânico dos solos permite melhorar suas características químicas com o passar dos anos, proporcionando bom nível de nutrição das plantas e viabilizando a produção orgânica de alimentos.
Doran
e Parkin, 1994 (apud VEZZANI, 2001, p.7), colocaram um conjunto básico
de indicadores de ordem física, química e biológica importantes para a
qualidade do solo: textura, profundidade do solo e raízes, densidade do
solo, infiltração, capacidade de armazenamento e retenção de água,
conteúdo de água, temperatura do solo, carbono e nitrogênio orgânico
total, pH, condutividade elétrica, nitrogênio mineral, fósforo,
potássio, carbono e nitrogênio da biomassa, nitrogênio potencialmente
minerável, respiração do solo, carbono na biomassa em relação ao carbono
total e respiração microbiana em relação à biomassa.
Esses
indicadores estão relacionados às seguintes funções do solo: habilidade
de regular e compartimentalizar o fluxo de nutrientes e químicos,
promover e sustentar o crescimento de plantas, manter um habitát
biológico adequado, responder ao manejo resistindo a degradação.
Segundo
Vezzani (2001), o sistema solo é o resultado de complexas interações
dos sistemas minerais, plantas e microorganismos. O seu funcionamento
ocorre pela passagem do fluxo de energia e matéria, o qual se
caracteriza pela entrada de compostos orgânicos adicionados pelas
plantas e transformados pelos microorganismos. Conforme este fluxo, o
sistema se auto-organiza em estados de ordem, os quais são representados
de certa forma, pela hierarquia de agregação do solo. O processo de
agregação consiste na formação em seqüência de estruturas cada vez mais
complexas, conduzida pela entrada de compostos orgânicos. Estas
estruturas possuem níveis de ordem, que aumentam conforme aumentam a
interação entre os minerais, as plantas e os microorganismos.
Muitas
pessoas, principalmente os agricultores, possuem incertezas, quanto ao
uso da prática agroecológica dar certo, bons resultados e bons
rendimentos. Muller et al (2000), fornece importantes questões práticas.
A agricultura agroecológica será uma agricultura do futuro, que poderá
sustentar-se ao longo dos anos. A base está na educação e no
conhecimento e o desafio está em entender e analisar o âmbito tão
sistêmico do agroecossistema que sua prática nos fornecerá.
A
transição da agricultura convencional para a agroecológica não ocorre
de uma hora para outra, mas sim, ela deve ser moldada no tempo,
enfrentando, muitas vezes a resistência devido à cultura dos
agricultores e a visão que eles acabaram criando que é de uma volta aos
meios de produzir antigos. Nesse sentido, é necessário mostrar que isso
não é verdade e que a agricultura convencional praticada é insustentável
ao longo do tempo.
De
acordo com CAPORAL (2002): A transição da agricultura convencional para
agriculturas sustentáveis ocorre mediante um processo gradual de
mudanças, nas formas de manejo dos agroecossistemas, num processo que
será contínuo e multilinear, no qual vão sendo apropriados e
incorporados novos princípios, métodos, práticas e tecnologias e ao
redesenho dos agroecossistemas para assegurar patamares mais adequados
de sustentabilidade em todas as suas dimensões.
Quanto
às práticas da agricultura agroecológica, Costabeber (2002), levanta
alguns pontos. Para ele a agricultura com base ecológica possui outra
visão em relação ao modelo convencional. Começa pelo resgate de espécies
nativas e práticas que aumentem a biodiversidade, estabelecendo a
inter-relação e a harmonia nos agroecossistemas e propiciando redução no
aparecimento de pragas e doenças. Dentre as práticas da Agroecologia
estão: uso de espécies adaptadas às condições locais, ciclagem de
nutrientes, diversificação do ambiente de cultivo, nutrição equilibrada
das plantas, otimização do uso dos recursos locais e outros. A
Agroecologia possui uma visão holística, intervindo de maneira sistêmica
no agroecossistema, abordando além do lado econômico, a dimensão
ambiental, cultural, política e ética.
A
implantação do modelo agroecológico, que potencializa a
multifuncionalidade da propriedade é favorecido na agricultura familiar.
A agricultura familiar apresenta, segundo Costabeber (2002),
reconhecida eficiência produtiva, e relevante contribuição para a
conservação dos recursos naturais e proteção da biodiversidade, pois o
agricultor possui uma visão de toda a sua propriedade. É também, a forma
de organização mais próxima dos preceitos da Agroecologia e, portanto
da sustentabilidade, devendo ser vista como auto-suficiente e sistêmica.
Além disso, diversificando a produção o agricultor corre menos risco de
perdas. Se um ano uma cultura der pouco lucro ele tem a outra para
vender e se sustentar.
Segundo
Costabeber e Melgarejo (2002), o objetivo da pesquisa agroecológica é a
otimização do equilíbrio do agroecossistema como um todo, o que exige
maior ênfase em conhecimento, análise e interpretação das complexas
relações existentes entre as pessoas, os cultivos, o solo, a água e os
animais. A agroecologia corresponde ao campo de conhecimento que
proporciona as bases científicas para apoiar o processo de transição
desde o modelo de agricultura convencional em direção a estilos de
agricultura de base ecológicas ou sustentáveis, ou seja, do modelo
convencional de desenvolvimento rural a processos de desenvolvimento
rural sustentáveis.
A
agricultura agroecológica é um modelo sustentável de agricultura, que
beneficia o ser humano, os seres vivos, e o meio ambiente como um todo.
Ou seja, cria uma ética ambiental que beneficia a todos presente e
futura gerações!
TEXTO - Autora: Juceleine Klanovicz
Fonte: (https://www.google.com/search?q=agroecologia&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=Rz6QVfn1O4KagwTpqoGoAg&ved=0CAcQ_AUoAQ&biw=1366&bih=631#tbm=isch&q=PRRATICAS+AGROECOLOGICAS&imgrc=tkmNQhdMCEIlBM%3A)
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