Segundo o dicionário, a palavra guardião remete ao que
protege, conserva e defende, mas para o assentado Cristovindo Ferreira Neto, 58
anos, a missão é ainda mais nobre: garante a perpetuação da diversidade
agroflorestal. “Essa sementinha que está colocada aqui tem um significado muito
grande, é uma vida para nós”, destacou.
A história dele e de outros produtores do norte de Minas
Gerais foram contadas ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias,
durante o Fórum dos Guardiões e Guardiãs da Agrobiodiversidade do Semiárido
Mineiro. O encontro, realizado na sexta-feira (30/10/2015), deixou o casarão antigo, no
centro de Montes Claros, ainda mais bonito com as sementes crioulas - e repleto
de esperança às gerações.
“Ontem caiu a primeira chuva em minha região. Então, eu
comecei a plantar as sementes que tinha guardado na última colheita. A gente
vem plantando assim a centenas de anos, do jeito que vinha sendo ensinado de
pais a filhos”, contou Cristovindo. Esse jeito separa, ainda na colheita, as
sementes dos melhores frutos da terra e que, mais tarde, servem de insumos para
a próxima safra.
“Guardar a semente é um desafio, mas a gente está fazendo o
maior esforço para não perder nenhuma variedade de plantas”, afirmou o produtor
que é um dos guardiões da agrobiodiversidade em Grão Mogol, município mineiro a
130 quilômetros de Montes Claros.
Esse cuidado em preservar o meio ambiente faz parte do campo
de atuação do MDA, como ressaltou o ministro aos participantes. “Trabalhamos em
três vertentes: o cooperativismo, a agroindustrialização e a agroecologia. Nós
temos que propor o debate em torno do meio ambiente, da água e do uso do
agrotóxico com toda a sociedade. Vamos ter que percorrer esse caminho juntos”.
Para Patrus, a encíclica papal encabeça um discurso
importante em torno da conservação do meio ambiente. “O que está proposto é um
grande debate sobre o uso do agrotóxico e das sementes transgênicas. Acho que
esse é um caminho a seguir”, pontuou.
+ Preservação
Além de conhecer os guardiões, o ministro recebeu da Rede de
Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro o Plano de Uso e Gestão Compartilhada
da Agrobiodiversidade pelos Povos e Comunidades Tradicionais do Semiárido de
Minas Gerais.
O documento, elaborado entre 2012 e 2013, é uma estratégia
para adaptação às mudanças climáticas e soberania alimentar dessa população a
partir do uso da agrobiodiversidade. “É preciso agora redesenhar as estratégias
agroalimentares com esses povos para produzir vida no campo e soberania
nutricional”, explicou a colaboradora da Rede, Fernanda Monteiro.
De acordo com ela, devido à memória cultural, os povos e
comunidades tradicionais são os detentores e protetores de um patrimônio
genético ambiental. “Essas sementes são adaptadas às condições locais, têm um
potencial de responder à resiliência dos sistemas agrícolas frente às
alterações climáticas. A semente tem memória. Essa memória é o que produz vida
naquele ambiente”, completou Fernanda.
O plano foi construído com o apoio, pioneiro, do Tratado
Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e Agricultura
(Tirfaa), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO). O projeto foi selecionado em edital internacional onde concorreram 300
propostas do mundo inteiro.
Gabriella
Bontempo - Ascom/MDA
Acessem o Site do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA.
Confiram a matéria na íntegra; Link: http://www.mda.gov.br/sitemda/noticias/preservar-agrobiodiversidade-%C3%A9-um-compromisso-com-o-futuro-0
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